Reprodução de cavalos
Nestas duas últimas décadas, o estudo da reprodução na espécie equina evoluiu sobremaneira com o advento da prostaglandina, da Inseminação Artificial (I.A.), da ultrassonografia e da transferência de embriões. O advento das prostaglandinas fez uma verdadeira revolução no arsenal ginecológico veterinário.
A utilização injetável deste fator luteolítico (destruidor do corpo lúteo) permite provocar artificialmente a ocorrência do cio, dentro de três a cinco dias, nas éguas que apresentarem um corpo lúteo com mais de cinco dias. A luteólise (destruição do corpo lúteo) provoca o encurtamento do período entre os cios (diestro), aumentando, assim, o número de ovulações por estação de monta.
A inseminação artificial também contribuiu neste contexto, com a utilização de sêmen fresco, resfriado e ou congelado. Este método de inseminação consiste em depositar uma certa quantidade de sêmen previamente colhido, diretamente no útero de uma égua em cio e de preferência que esteja com um folículo com mais de 3,5 cm de diâmetro. As vantagens principais dessa técnica são: aproveitar melhor o sêmen de animais superiores na fecundação de um número maior de éguas; evitar os perigos das coberturas; e fecundar fêmeas que se tenham mostrado infecundas em virtude de problemas anatômicos (fibrose do colo uterino, etc).
O sêmen pode ser utilizado de diversas formas, ou seja: a fresco, resfriado e congelado. O sêmen fresco pode ser utilizado dentro de 30 trinta minutos a partir da coleta. Já o sêmen resfriado a (+ 4° C) pode perdurar até 48 horas na geladeira. O sêmen congelado é estocado e ficando disponível a cada vez que as éguas entrarem em cio. Outra vantagem é que a coleta pode ser feita no outono, e na primavera o animal estará livre para as competições. Uma novidade que começa a crescer é a I. A. realizada com auxílio de um colonoscópio humano. Com este aparelho se visualiza a papila formada pela entrada do oviduto no corno uterino, onde o sêmen é depositado. Esta prática diminui a quantidade de sêmen utilizado e favorece em alguns casos a fecundação de animais sub-férteis.
O emprego da ultrassonografia permitiu a observação do crescimento folicular e conseqüentemente a detecção do melhor momento para inseminar. A luteinização de folículos sem ovulação também foi posta em evidência. Permitiu visualizar a conformação dos cornos uterinos na fase estrogênica (que se assemelha a um corte transversal dado em uma laranja); cistos e metrites e ainda o diagnóstico precoce de gestação a partir de 12 a 14 dias da ovulação.
A transferência de embriões veio coroar a evolução desses acontecimentos, proporcionando uma multiplicação da carga genética das fêmeas de elite, possibilitando um avanço no melhoramento genético. São outras vantagens dessa técnica o aproveitamento de fêmeas como doadoras, a partir de dois anos de idade; de éguas idosas; de éguas portadoras de lesões vaginais, uterinas ou cervicais que tornam impossível levar a termo uma gestação. Esta biotecnologia está crescendo a cada dia, apesar de ainda existirem restrições por parte de algumas associações eqüestres.
Nosso objetivo é mostrar numa linguagem menos teórica possível as condições biológicas que comandam a reprodução dos equinos e levar às pessoas envolvidas neste "métier" um conhecimento básico, a fim de permitir maior facilidade na resolução das diferentes situações encontradas na prática cotidiana do Haras. Dentro deste prisma, abordaremos os seguintes assuntos: Anatomia e fisiologia do aparelho reprodutivo do garanhão e principalmente da égua; Sincronização de cios; Detecção de cios; Fotoperíodo; Coleta de sêmen; Inseminação artificial; Preparo das éguas (doadora e receptora) para transferência de embriões; Coleta não-cirúrgica de embriões; Manejo das éguas gestantes; Sinais fisiológicos do parto; Cuidados com a égua antes do parto; Nascimento do potro; Expulsão da placenta; Cuidados com o potro recém-nascido.
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