segunda-feira, 8 de julho de 2013

Aparelho Digestivo do Cavalo

Aparelho Digestivo do Cavalo
O cavalo é um monogástrico, mas, por possuir características particulares, aqui está classificado como “Herbívoro não Ruminante”. O primeiro compartimento (estômago) é pequeno (apenas 9 % do total). Isso implica um arraçoamento várias vezes ao dia. Outra particularidade é a importância do ceco e cólon (70 % do total) onde ocorrem fermentações que permitem o aproveitamento das fibras.
Um cavalo de 500 kg possui um aparelho digestivo de capacidade total de cerca de 130 litros, portanto, seu estômago tem capacidade para 12 litros (entre alimento, água, gases e secreções gástricas). Esta pequena capacidade do estômago do cavalo limita muito sua capacidade de ingestão do alimento.
Se o alimento for concentrado, cuja digestão ocorre principalmente em nível de estômago e início do intestino delgado, o fornecimento deste deve estar limitado a 2,5 kg por refeição, sendo o ideal ao redor de 1,5-2,0 kg de concentrado por refeição. Este limite deve ocorrer para que não haja riscos de cólicas por excesso de alimentação, pois o cavalo possui uma outra característica na inserção do esôfago com o estômago, que impede que o alimento retorne à boca (o cavalo não pode vomitar). Se ocorrer uma ingestão elevada de alimento concentrado de uma só vez, ele não vai conseguir digerir tudo levando a uma sobrecarga gástrica, podendo até ocorrer ruptura do estômago pelo excesso de concentrado.
Esta pequena capacidade do estômago faz com que o cavalo tenha que se alimentar por muito tempo durante o dia para que possa preencher todo seu aparelho digestivo. Um cavalo solto a pasto se alimenta 18-19 horas por dia.
O alimento volumoso tem seu processo de digestão ocorrendo principalmente em nível de intestino grosso (ceco e cólon) onde sofrerá ação da flora intestinal. Devido às fibras do volumoso, a velocidade de passagem deste pelo intestino é rápida.
Isso também leva a uma característica particular no manejo alimentar do cavalo. Jamais devemos oferecer o volumoso misturado ao concentrado ou logo em seguida do concentrado, pois este volumoso, devido à sua fibra longa, passa mais rapidamente pelo estômago e intestino delgado levando o concentrado para o intestino grosso onde o aproveitamento é bem menor, diminuindo sua eficiência.
No manejo diário, devemos sempre oferecer primeiro o volumoso e a seguir o concentrado para melhor eficiência. Se oferecermos primeiro o concentrado devemos aguardar cerca de 45 minutos a uma hora por quilo de ração para, a seguir, oferecer o volumoso. Lembre-se apenas que, na primeira refeição do dia, o cavalo bem manejado já comeu o volumoso durante a noite, podendo, logo cedo, receber a alimentação concentrada.
Outro fator muito importante na alimentação diária do cavalo é respeitar o horário de oferecimento dos alimentos que deve ser sempre constante, caso contrário predispões a condições de stress que pode ocasionar inclusive úlceras gástricas. Além disso, a manutenção constante do mesmo tipo de alimento favorece um melhor desempenho em qualquer nível de criação ou esporte. Isso quer dizer que devemos evitar oferecer um alimento eventualmente para que não ocorram problemas digestivos no cavalo, que é muito sensível a qualquer alteração brusca e eventual em sua dieta.
Um Programa de Nutrição deve ser adequado à função desenvolvida pelo eqüino e à categoria à qual ele pertence. Deve-se levar em consideração as quantidades mínimas necessárias de energia, proteína, vitaminas e minerais.
Em primeiro lugar é necessário ressaltar que o cavalo é um animal herbívoro, isto é, se alimenta fundamentalmente de forrageiras. Portanto, em sua dieta habitual, é necessário o fornecimento de volumoso (capim ou feno).
Para se alimentar adequadamente o cavalo devemos respeitar sua natureza, suprindo suas necessidades básicas, que são:
VOLUMOSO: Feno ou Capim fresco de qualidade:
Feno: é a forma desidratada do capim, isto é, o capim com apenas 10-20% de água. Deve ser feito de capim de qualidade (aveia, azevem,trevo, tífton, alfafa, etc.) e fenado no ponto certo, nem muito seco, nem muito úmido.
Capim: este pode ser fornecido sob a forma de pastagens ou suplementado no cocho, picado. Quando oferecido no cocho picado, deve-se atentar para a qualidade deste capim. O mais utilizado sob esta forma são os capins elefantes (napier, colonião, etc.). O manejo das capineiras deve ser muito bem feito para que o aproveitamento pelo cavalo seja o melhor possível. É muito comum o corte destes capins com altura superior a 2 metros (às vezes até 4 metros) de altura. Porém, quando é cortado com altura superior a 2 m, ocorre uma perda considerável da qualidade, devido à baixa digestibilidade de seu talo.
Á ÁGUA: Fresca, Limpa e Potável: Deve-se ter sempre à disposição do animal água fresca, jamais gelada devido aos riscos de cólicas que esta pode ocasionar. Deve também estar sempre limpa, evitando-se as águas barrentas que podem causar distúrbios digestivos pelo acúmulo da terra dentro do aparelho digestivo do cavalo. Deve ser fornecida ainda à vontade, pois as necessidades de água pelo cavalo são elevadas, de 20 a 75 litros por dia, dependendo do porte do animal, do clima, da intensidade do trabalho e da natureza da alimentação. As fêmeas em lactação têm suas necessidades aumentadas em 15 a 30 litros por dia.
COMPLEMENTAÇÃO MINERAL: Esta também é de fundamental importância para suprir as necessidades básicas do cavalo, que são relativamente elevadas com relação aos minerais. Estes devem ser oferecidos de maneira equilibrada, através de sais minerais de empresas idôneas e à vontade, num cocho à parte.
SAL COMUM (NaCl): O oferecimento de sal branco, além do mineral, também pode ser de grande importância para os eqüinos, pois eles têm uma grande perda de NaCl (sal comum) através do suor.
Após termos suprido as mínimas necessidades para manutenção do cavalo, aí sim, conforme atividade a que vamos submetê-lo, seja um potro em crescimento, égua em reprodução ou cavalo de esporte, devemos oferecer-lhe os complementos de uma alimentação, para que possamos atingir os níveis “Energéticos” e/ou “Protéicos” suficientes para suprir estas novas necessidades, mas sempre respeitando sua natureza valorizando o volumoso.
RAÇÃO (Concentrado): Esta deve ser equilibrada, oriundas de empresas idôneas para se ter garantia da qualidade do produto. Deve ser preferencialmente peletizada, que possui 03 vantagens fundamentais sobre as fareladas, principalmente as misturadas na propriedade:
1. Toda matéria prima que chega à fábrica de ração é classificada e analisada para se ter certeza da qualidade de seus nutrientes (Umidade, Proteína, Minerais, etc.). Com base nessas análises, é possível garantir a qualidade e os níveis do produto final (com relação à proteína, minerais, fibra, etc.). Como não é possível analisar a matéria prima na propriedade, não há garantia de manutenção do padrão do produto final.
2. As rações fareladas produzem muito pó que, se inspirados pelo cavalo, podem levar a problemas respiratórios. Além disso, este pó pode causar obstrução do canal naso-lacrimal (canal que liga a narina ao olho) levando a produção excessiva de secreções oculares.
3. Para se evitar este pó, é muito comum molhar a ração antes do fornecimento ao animal. Ocorre que as rações fareladas, por serem mais leves que as peletizadas, ocupam um volume maior, portanto os cavalos demoram mais tempo para comer esta ração. Em temperaturas mais elevadas, podem ocorrer processos de fermentação desta ração molhada levando a quadros de cólicas.
Existem ainda as matérias-primas (aveia, trigo, milho, etc.) que muitos criadores/proprietários de animais oferecem misturado à ração balanceada. Ocorre que estas matérias-primas são, em geral, muito ricas em fósforo (em média a relação Ca:P é de 1:3, quando o ideal é 1,8:1) o que leva a um desbalanceamento na relação cálcio/fósforo sangüíneo levando a graves problemas.
Devemos estabelecer realmente quais as necessidades do cavalo para podermos suprir de forma adequada e obtermos os melhores resultados de performance mas também na saúde do animal. Para isso devemos observar qual o tempo de digestão de cada tipo de alimento para podermos dividir e ocupar melhor o tempo de cada animal.
COMPLEMENTOS: aqui entram os complementos que auxiliam no desempenho do cavalo. Devem ser utilizados com muito critério preferencialmente recomendados por um técnico especializado.
1. Vitaminas/Minerais. Em geral, a complementação vitamínica vem acompanhada da mineral. O importante é que isto ocorra em equilíbrio, com produtos que não ofereçam excessos na alimentação diária. O fornecimento de um único elemento vitamínico ou mineral somente deve ser feito em situações especiais, onde realmente houver necessidades deste ou daquele elemento, pois o fornecimento abusivo de um único elemento sem indicação veterinária pode trazer mais prejuízos que benefícios.
2. Eletrólitos: são minerais essenciais ao funcionamento do organismo, que são perdidos através do suor. Devem ser suplementados nas dietas dos eqüinos submetidos a esforços intensos ou de grande duração, preferencialmente após o esforço e sempre com água fresca e limpa à vontade.
3. Probióticos: substâncias que otimizam a flora intestinal, melhorando o aproveitamento dos alimentos. São os suplementos de última geração. Alguns deles têm ainda a função de prevenir diarréias, inibindo a ação da flora patogênica, que existe naturalmente no aparelho digestivo.

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